Desespero em Vale de Figueira: moradores resistem sozinhos às chamas enquanto bombeiros não chegam

Durante hora e meia ninguém soube de José Costa. Não pôde avisar a mulher nem conseguiu falar com os filhos. O anexo guarda um depósito de água e serviu de refúgio enquanto Vale de Figueira ardia, sem bombeiros à vista.
Foi um dos 18 resistentes de um grupo de 20 pessoas. Apenas duas, as mais vulneráveis, aceitaram sair de casa. Nenhuma casa ardeu. Salvaram-se todos os animais, mas perderam-se colmeias e foram destruídos terrenos de cultivo.
A freguesia de São Vicente da Beira, em Castelo Branco, teve casas em perigo em Vale de Figueira, mas já contabiliza habitações perdidas. Em Casal da Serra, uma mulher de 80 anos ficou sem teto. Os vizinhos são os primeiros a ver o que resistiu, praticamente nada. A dona da casa não estava nem regressou à aldeia.
Uma área enorme começa em Arganil, chega ao Fundão e à Covilhã. Os meios não chegam a todo o lado. Mais dois bombeiros ficaram feridos. São da corporação de Vila Nova da Barquinha e combatiam um fogo em Boxinos. Ainda foram para o hospital, mas já tiveram alta.