
Porque Anselmi é um tipo de treinador que adora ter bola e manobrar a equipa num jogar muito imprevisível para desmanchar autocarros.
Porque não havia, disponível no mercado, um treinador com prova de conceito nesse futebol de ataque de risco e imprevisível em Portugal.
Porque os jogadores de ataque são mais valorizados pelo mercado, e quem marca muitos golos, mais aparece, mais valoriza, melhor ficando as finanças do clube.
Porque o tempo em que “o ataque ganha jogos, mas é a defesa que ganha campeonatos” finou-se em Portugal.
Porque o campeonato tornou-se numa maratona de autocarros sem turbo.
Porque já não há Makukulas, Caetanos, Constantinos, Yekinis, Meyongs, Gamas ou Abílios a fazer épocas a fio em Portugal, hoje em dia, zarpam daqui para fora após meia finta bem-sucedida, há mais concorrência pelo jogador médio do campeonato português, e os clubes médio-baixos estão exauridos financeiramente para os manter.
Porque, assim sendo, o objetivo é mesmo massacrar e desequilibrar, são raros os jogos que do outro lado vem uma resposta que meta medo.
Mas, meus amigos, esta época, sinceramente, já era, fosse qual fosse o treinador escolhido, a questão é que este jogar de Anselmi pode dar muitos frutos em Portugal, é certo, como também demora mais tempo a implementar.
Ainda assim, acredito que Vasco Sousa e Pepê ganharão nova vida, já no imediato, porque Vasco Sousa tem ligeireza de pernas, e Pepê tem a polivalência que o homem parece gostar nos alas, que, muitas vezes, se transformam em médios.
Ou seja, mais que tudo, feita a escolha, haja tolerância dos adeptos para se efetivar a mudança, porque dificilmente a coisa não piorará antes de melhorar.
Agora, é bom dizer que esta foi uma escolha destemida e ao ataque de Villas-Boas, mas também racional.